No último dia 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, associadas e associados de todo o estado participaram de uma ação histórica do Ministério Público do Paraná (MPPR). Uma iniciativa inédita voltada para a para prevenção de violência sexual contra crianças e adolescentes mobilizou quase 10 mil alunos e professores. Em Curitiba, mais de 16.000 alunos participaram da ação.
A ação teve como proposta ressaltar a importância de melhor se compreender o que é o abuso e a exploração sexual infantil, contribuindo com a prevenção e encorajando crianças e adolescentes para eventuais denúncias.
A promotora de Justiça Tarcila Santos Teixeira, que atua na Promotoria de Infrações Penais contra Crianças, Adolescentes e Idosos de Curitiba, contou que a ideia surgiu inicialmente com o desejo de realizar uma ação concreta e que pudesse alcançar uma mudança do panorama da violência sexual em face das crianças.
Para isso, após discussões conjuntas com as equipes do CAOP da Criança e do Adolescente e da Educação, e de Comunicação definiu-se o conceito de trabalhar o mote “vencendo a culpa”. Também foi levantada a possibilidade de fazer a ação diretamente nas escolas.
“Discutimos o modelo e então me encarreguei da proposta de conteúdo para que a comunicação fizesse a apresentação padrão para os promotores do interior. Pelo CAOPCA foi enviado aos colegas do interior o convite e também toda a orientação de como deveriam ser realizadas as intervenções na prática”, explicou Tarcila Teixeira.
Em Curitiba, procurando atingir o maior número possível de escolas, a promotora de Justiça desenvolveu um vídeo de um diálogo dela com crianças criadas através de animação digital e então alinhou com a Secretaria de Educação de Curitiba para que o vídeo da campanha fosse exibido para todas as crianças de 4º e 5º ano do ensino fundamental do município. Assim, na capital, fora realizada pela manhã a ação com os alunos, a tarde com professores e a noite com pais, inclusive com acesso pelo Youtube, alcançando mais de 5.000 famílias.
“Todas as ações foram realizadas nesse dia 18 com o apoio da Secretaria de Educação, e alcançamos um número extremamente expressivo de expectadores, de forma que alcançamos nosso maior objetivo que era fortalecer através da informação”, contou a promotora de Justiça.
Associadas e Associados realizam ação nas escolas
De acordo com os números do MPPR, participaram da ação presencialmente nas escolas 61 promotoras e promotores de Justiça de 52 comarcas. Nas comarcas de Curitiba e de Cascavel parte da ação foi realizada de maneira on-line, com a apresentação do vídeo da campanha.
Uma das promotoras que realizou a ação foi Bruna Britto Martins, que atua na comarca de Assaí. Ela palestrou em duas escolas do município. Na oportunidade ela também conversou com as coordenações pedagógicas para prestar orientações acerca da conscientização, informação e prevenção do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, além de reforçar a importância do acolhimento, apoio e orientação às vítimas.
“A experiência foi muito gratificante e reforçou minha percepção sobre o relevante papel do Ministério Público na educação em direitos e na divulgação de informações sobre a responsabilidade compartilhada de todos para evitar atos tão graves, bem como garantir que eventuais vítimas não sejam revitimizadas e possam encontrar o apoio de que necessitam para se desenvolver com seus direitos respeitados”, disse Martins.
Já em Quatro Barras, o promotor de Justiça André Luiz de Araújo palestrou para 145 alunos e alunas de uma escola do município da Região Metropolitana de Curitiba. A importância da ação foi comprovada de maneira praticamente instantânea.
“Durante a fala houve, infelizmente, a procura da equipe pedagógica para revelação espontânea de situações que caracterizam, em princípio, abusos sexuais, demonstrando, na prática, a importância desta atividade”, contou Araújo.
A promotora de Justiça do município de Reserva, Gabriela Sanchez Ribeiro, contou que previamente havia programado reuniões com a rede de proteção local para tratar sobre o tema e celebrou a realização da campanha estadual do MPPR. “Fiquei extremamente feliz e motivada por fazer parte de um movimento muito maior. Saber que colegas de todo estado também estavam mobilizados e, com isso, alcançaríamos um resultado positivo muito mais expressivo me inspirou ainda mais no projeto”, comemorou Ribeiro.
“Recebi tanto carinho e abraços dessas crianças que fizeram valer cada esforço para que esse evento pudesse ocorrer. Percebi também a relevância de capacitarmos os professores para o acolhimento das revelações espontâneas, pois eles possuem muitas dúvidas e são um dos principais atores nessa proteção”, finalizou a promotora.