A trajetória de Celina Guimarães Viana marcou a inserção da mulher na política eleitoral do Brasil, pois ela foi a primeira eleitora do país. Celina também marcou a história do futebol, sendo a primeira mulher a apitar uma partida de futebol no Brasil, segundo relatos.

Nascida no Rio Grande do Norte, em 1890, Celina Guimarães concluiu o curso de formação de professores na Escola Normal de Natal. Como educadora, em uma época em que a disciplina dos alunos e alunas era regida por meio da palmatória, ela aboliu tal mecanismo e passou a utilizar o teatro como forma de atrair a atenção dos jovens. Celina redigiu textos de peças, montou figurinos e realizou apresentações na escola.

Ainda como professora, trouxe o conhecimento do futebol para seus alunos, na cidade de Mossoró. O esporte era pouco conhecido naquele período (1917 a 1919) e ela, a pedido dos alunos, traduziu do inglês para o português todo o manual do jogo, com suas regras e, com o apito na boca, conduzia os jovens aos campos para ministrar a prática esportiva. Relatos de jornais apontam que, possivelmente, Celina entrou na história do país por ser a primeira mulher a apitar uma partida de futebol. O livro “O Futebol da Gente” (1982) conta que Celina apitou o jogo em uma praça, correu vestida de saia, e que “suou e fez miséria, inclusive marcando um pênalti para cada equipe”.

Cerca de dez anos depois, em 1927, Celina rompeu outro ambiente extremamente masculino - a política - ao tornar-se a primeira mulher do Brasil a conquistar o direito ao voto, no ano de 1928, na cidade de Mossoró, interior do Rio Grande do Norte, primeiro estado a regulamentar seu sistema eleitoral, acrescentando um artigo que definia o sufrágio sem “distinção de sexo”.

Em 1928, ela e outras pouquíssimas mulheres, deixaram seus votos nas urnas. Os votos femininos foram anulados no ano seguinte, mas a força do ato já tinha seu efeito em todo o país. Desta forma, o voto feminino tornou-se realidade em 1932. Nesta época Celina já estava morando em Minas Gerais, onde faleceu, em 1972.

A referida conquista eleitoral foi alcançada devido ao movimento sufragista potiguar, que já era atuante no começo do século XX. Ainda, o relevante ganho político conferido às mulheres, no Rio Grande do Norte, foi resultado das reivindicações feministas por igualdade de direitos, lideradas pela bióloga Bertha Lutz. Foi por meio dessa luta que Bertha e Celina se tornaram amigas.

Com informações: Fundação Joaquim Nabuco, Tribuna do Norte.