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Laudelina de Campos Melo

Foi a fundadora do primeiro sindicato de trabalhadoras domésticas do Brasil, em 1988.
6 de março de 2020

Uma mulher a frente de seu tempo, assim pode-se definir Laudelina de Campos Melo. Mulher, negra e trabalhadora doméstica, Laudelina lutou pela valorização do emprego doméstico, pelo feminismo e pela igualdade racial. Sua atuação permitiu a regulamentação do emprego doméstico por meio da fundação do primeiro Sindicato das Empregadas Domésticas do Brasil.

Nascida em Minas Gerais, em 1904, Laudelina é filha de empregada doméstica e doceira e perdeu o pai, que era lenhador, aos 12 anos. Seus pais foram alforriados pela Lei do Ventre Livre, de 1871. Apesar de, aos 16 anos ter começado a exercer trabalho doméstico remunerado, desde os 7 anos, aproximadamente, Dona Nina, como era chamada, já desempenhava funções em sua própria casa, além de cuidar de cinco irmãos. Para isso, teve que abandonar a escola.

Aos 16 anos, começou a atuar em organizações de cunho cultural, sendo eleita presidenta do Clube 13 de Maio, agremiação que promovia atividades recreativas e políticas para as pessoas negras de sua cidade.

Sua atuação política continuou sendo destacada pelas relações com militantes negros, comunistas e sindicalistas e com o contato e a interlocução com diversas organizações políticas.

Sua militância ganhou conteúdo político e reivindicatório com sua filiação ao Partido Comunista Brasileiro, em 1936. No mesmo ano Laudelina fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do país, fechada durante o Estado Novo, e voltando a funcionar em 1946. Trabalhou para a fundação da Frente Negra Brasileira, militando na maior associação da história do movimento negro, que chegou a ter 30 mil filiados na década de 1930.

Dona Nina mudou-se para Campinas em 1955, onde entrou para o movimento negro da cidade e participou de atividades culturais e sociais, especialmente com o Teatro Experimental do Negro (TEN), cujo objetivo era elevar a autoestima e a confiança da juventude negra, por meio da formação de grupos de teatro e dança. Criou ainda uma escola de música e de balé na cidade.

Trabalhou como empregada doméstica até 1954, ano em que abriu seu próprio negócio, uma pensão, e passou a vender salgados nos campos de futebol de Campinas.

A partir de então, ela se dedicou integralmente à militância sindical e cultural, com a promoção, em 1957, de um baile de debutantes, “Baile Pérola Negra”, para jovens negras, no Teatro Municipal de Campinas.

Sempre em defesa das empregadas das domésticas, Laudelina se tornou uma referência nacional na batalha pela regulamentação dos direitos das trabalhadoras domésticas. A atuação dela foi fundamental na década de 1970 para a categoria conquistar o direito à Carteira de Trabalho e à Previdência Social.

Dona Nina faleceu em 1991, em Campinas, deixando sua casa para o sindicato da cidade.

Com informações: A Cor da Cultura, Geledés - Instituto da Mulher Negra, Dossiê História e Gênero – Laudelina de Campos Melo: Histórias de Vida e Demandas do Presente no Ensino da História – Fernanda Nascimento Crespo, e FASUBRA.

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