Considerada uma das precursoras do feminismo no Brasil, Leolinda Figueiredo Daltro foi uma professora que lutou pela causa indígena e pela autonomia das mulheres no Século XIX. É um dos nomes mais importantes do movimento sufragista no país.
Nascida na Bahia, em 1859, viveu a maior parte do tempo no Rio de Janeiro. Dedicou a sua vida para a transformação da sociedade patriarcal brasileira, por meio da educação e da luta pela igualdade.
Tornou-se professora e ganhou notoriedade por reivindicar o direito dos índios e por acreditar em uma alfabetização e educação laica para a integração dos indígenas na sociedade. Em 1896, iniciou um projeto que tinha como objetivo percorrer o interior do Brasil a fim de promover a alfabetização de tribos indígenas, sem conotações religiosas.
Em vista de seu ativismo, ficou conhecida, em 1909, como “a mulher do diabo”, por ser uma mulher desquitada, ativa politicamente, que estava presente em ambientes masculinos, que acreditava na transformação pela educação, e que lutava para garantir o direito das mulheres ao voto. Todas essas irreverências de Leolinda eram “mal vistas” por uma sociedade católica e patriarcal.
Leolinda Daltro se deu conta de que era proibido às mulheres votarem, mas que não estava escrito em lugar nenhum que era proibido que mulheres criassem um partido. Então, em 1910, fundou o Partido Republicano Feminino, com a poetisa carioca Gilka Machado, mais uma vez quebrando os padrões da época, já que as mulheres não tinham direitos políticos e teriam que lutar para adquiri-los de forma externa ao sistema político. Dessa forma, as integrantes do partido realizavam atividades para buscar igualdade de direitos entre homens e mulheres.
Leolinda Daltro teve papel essencial na luta em prol do sufrágio feminino no Brasil. Assim como Bertha Lutz, a atuação de Daltro foi fundamental na primeira fase do movimento sufragista brasileiro, nas primeiras décadas do século XX. Naquela época, ela fez com que a questão da emancipação política feminina fosse debatida.
Em 1916, apesar de não ter direitos políticos, Daltro apresentou um requerimento solicitando direito ao voto feminino, que foi negado, entretanto abriu espaço para debate em relação ao tema. Há 101 anos, em 1919, ela se lançou como a primeira brasileira candidata às eleições municipais. Em sua candidatura, defendia a diminuição das desigualdades, da miséria e a equiparação dos direitos civis.
Leolinda Daltro teve que lutar contra o sistema machista sem apoio algum, sofrendo com deboches, menosprezo e violência. Contudo, até o fim de sua vida, nunca esmoreceu, aos 74 anos, tentou uma vaga no Parlamento e sua candidatura afirmava e reconhecia a luta e o desejo ainda vivo de formar uma sociedade igualitária.
Daltro faleceu no ano seguinte, em 1935, com 75 anos.
Em 2003, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro instituiu o Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro. Todo ano são escolhidas dez mulheres para receber a homenagem por seu destaque na vida pública e na defesa dos direitos femininos.
Com informações: Medium, Uol, Huffpostbrasil, FGV, e Observatório do Terceiro Setor.