A Associada destaque do mês de fevereiro é a promotora de Justiça Symara Motter, que soma 22 anos de Ministério Público do Paraná (MPPR). Motter atuou com relevância em diversas regiões e cidades do estado durante sua trajetória no MPPR e, atualmente, é promotora criminal em Curitiba e assessora da Subprocuradoria Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos (SUBJUR). Ela contou sua história em uma entrevista especial, conduzida pela colega e também promotora de Justiça, Raquel Juliana Fülle. Assista aqui.
Filha mais nova de quatro irmãos, a hoje promotora de Justiça lembra que o espírito do Ministério Público sempre caminhou com ela desde criança. “Por ser mais nova eu sempre tinha que conquistar meu espaço. Eu sempre me mostrei inconformada com algumas coisas e era bem questionadora, sempre tive muita vontade de transformação”, contou.
Formada em direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), por influência de amigas próximas, com apenas 22 anos, decidiu conhecer a Escola do Ministério Público. Rapidamente se identificou com os professores e todo o idealismo da instituição. “Percebi que era uma forma de contribuir com a sociedade e falei: é isso que eu quero para minha vida, eu quero fazer a diferença e ter um papel transformador no mundo” relembrou Motter.
Ela contou que ingressou no MPPR nove meses depois que havia se formado. “Tenho 22 anos no MP, metade da minha vida passei dentro do MP. Então o MP faz parte da minha estrutura como pessoa e da minha formação como ser humano. Quando ingressei ainda não precisavam dos três anos de prática jurídica. Então, eu me formei em janeiro e em outubro do mesmo ano eu estava tomando posse no MP”, disse.
Os desafios ao ingressar no MP e a perda pessoal
Symara Motter entrou muito jovem no MPPR, o que trouxe vantagens e desvantagens. Ao mesmo tempo que enfrentou grandes desafios sendo inexperiente, a juventude lhe deu força para enfrentar muitas situações. “Acho que a maturidade tem muitas vantagens, mas o idealismo faz você tomar atitudes muito corajosas, que ajudaram a me firmar como promotora”, enfatizou.
Ao ingressar no MPPR, a promotora ficou quase três anos como substituta atuando em diversas cidades e comarcas do estado. No mesmo período acompanhou o tratamento de câncer da sua mãe, que faleceu dois anos após a sua posse.
“Aos 24 anos de idade eu perdi minha mãe e tive muito apoio da instituição. Na época do tratamento a procuradora-Geral, Maria Tereza Uille Gomes, me oportunizou substituir em comarcas próximas para que eu pudesse acompanhar o tratamento da minha mãe de perto. Tive também colegas muito generosos, que ficavam nas comarcas e me ajudavam a ficar mais com minha mãe”, relembrou.
Após três anos como promotora substituta, Symara Motter assumiu como titular na comarca de Pinhão. Passou também por Reserva e chegou em Pato Branco, onde atuou por quatro anos de maneira intensa. “Foi um período difícil e enriquecedor, pois fizemos algumas iniciativas que repercutiram muito naquela região”, contou.
Atuou ainda em Guarapuava, em duas oportunidades, e também em Peabiru, onde desenvolveu um trabalho que gera até hoje um sentimento de orgulho. “Tive a oportunidade de desenvolver um trabalho mais social, pela região ser mais carente. Também fizemos um trabalho na área histórica ambiental, com o resgate do patrimônio histórico com o Caminho do Peabiru, um projeto que formava crianças e adolescentes para atuar ali mesmo no caminho”, orgulhou-se Motter.
Depois de anos atuando pelas comarcas do interior do estado, Symara Motter foi promovida para Curitiba e atuou na comarca de Almirante Tamandaré. Período que considerou extremamente importante para forjar seu perfil como promotora, em função das dificuldades e desafios encontrados na região.
Quatro anos após iniciar o trabalho em Almirante Tamandaré, a promotora passou a atuar em Curitiba na Promotoria de Persecução Criminal. Foi nessa área que Motter vivenciou outro período importante. “Recebi da Danielle Cristine Cavali Tuoto algumas informações, que considero um presente, pois a partir desses dados nós desenvolvemos um procedimento investigatório, que depois a Ana Carolina Pinto Franceschi deu continuidade e tivemos uma operação muito bem sucedida. Conseguimos desarticular uma parte de uma facção criminosa e esse material deu frutos para trabalhos bem sucedidos de outros colegas”, relembrou.
Atuação na Diretoria de Mulheres da APMP e na SUBJUR
Em 2019, Symara Motter encontrou um novo e instigante desafio, o de assumir a Diretoria de Mulheres da APMP. Mãe de duas filhas mulheres, ela colocou em prática muitas ideias e conceitos que aprendeu ao longo da carreira e também na vida pessoal. “Receber o convite do André Glitz para que assumisse a Diretoria de Mulheres foi um presente muito grande. Pude desenvolver uma visão de como nós podemos contribuir para que as mulheres sejam cada vez mais valorizadas. O que me motivou muito foi as meninas e suceder a Nayani (Garcia) foi um desafio. Desenvolvemos, a partir de conhecimentos, um processo de conquista”, afirmou.
Para ela, um momento desafiador à frente da Diretoria de Mulheres foi justamente a pandemia da Covid-19. “Tivemos uma pandemia e o que tornou essas assimetrias estruturais entre homens e mulheres muito mais visíveis. O nosso foco de trabalho foi para diminuir esse impacto, demonstrando para nossas associadas que estávamos junto com elas. Hoje esse trabalho tem uma ótima sequência conduzido pela Mariana (Dias). Evoluímos muito, aprendi muito com mulheres maravilhosas e me transformei muito como mulher”, ressaltou.
“Essa experiência refletiu na minha vida. Hoje minhas filhas já percebem as coisas claramente, situações que eu levei anos para entender”, emendou.
Symara Motter, que atua no setor prefeitos do núcleo criminal da SUBJUR, considera o período atual com grande relevância dentro da carreira. “Esse convite foi uma honra, vindo de uma equipe muito qualificada. Hoje eu trabalho no setor de crimes praticados por prefeitos na SUBJUR, sob o comando do Doutor Mauro Rocha, junto com colegas da mais alta qualificação técnica”, contou.
“Tem sido um aprendizado e uma troca muito intensa entre a equipe e também os colegas do interior, que nos passam muitas questões para que a gente dê continuidade”, finalizou.
Local preferido: minha casa, meu refúgio.
Hobbie: gosto muito de dançar, sentir meu corpo solto ao som da música.
Frase: “A utopia está no horizonte. Aproximo-me dois passos ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e horizonte se afasta dez passos mais além. Para que serve a utopia? Serve para isso: caminhar”, Eduardo Galeano.
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