A campanha Outubro Rosa continua e, nesta matéria, a Diretoria de Mulheres Associadas da APMP trouxe o relato de Kelly Santos e Santos, Assessora Jurídica do Conselho Superior do MPPR.
Leia abaixo!
O ano era 2020, especificamente em maio, dois meses após início da pandemia do COVID-19.
Fui eu em mais um exame de rotina, dentre eles a mamografia e ecografia das mamas, o que para mim seria mais um resultado satisfatório, até porque tinha exatamente 1 ano dos exames anteriores.
Peguei o resultado e estava lá, BIRADS-4, suspeita de alguma anormalidade, e imediatamente fui indicada a um especialista (mastologista/oncologista).
Comecei a me preocupar, mas, no fundo, achei que não fosse nada. De imediato fiz uma biópsia, que em menos de 1 semana recebi o diagnóstico positivo para câncer de mama.
Bom, primeiro o mundo caiu, o chão sumiu e a única pergunta que fiz ao médico foi se eu morreria e em quanto tempo, que logo fui saber que as coisas não eram como em novelas e filmes.
Passado o choque, coloquei na cabeça que tinha que me livrar disso logo, de modo que não pensei, apenas segui em frente.
Após o diagnóstico, no período de 2 meses retirei o nódulo e iniciei o tratamento que consistia em 16 sessões de quimioterapia (com queda do cabelo), radioterapia e uso de medicação pelo período de 10 anos.
Percebi que, por conta da minha ignorância, achei que tudo fosse pior do que foi (e claro que não foi fácil).
O detalhe nisso tudo foi que, como não sou daqui, sou do Rio de Janeiro, e não queria apavorar minha família, em especial minha mãe, não contei nada para ninguém, poucas pessoas souberam pelo que eu estava passando, até porque não saía de casa e ninguém me via. Vi que não queria ninguém com pena de mim e, principalmente, dando palpites, que as vezes mesmo querendo ajudar, só pioraria a situação.
No final do tratamento contei para minha família e todos os que conhecia, e mesmo sendo criticada por eles pelo ‘segredo’, vi que, no meu caso, fiz o melhor.
O que percebi durante o processo foi que, de fato, nosso psicológico é o que nos levanta ou derruba, no meu caso, vi que tinha uma força interior que não imaginava, não me entreguei mesmo nos piores dias e conseguia rir de mim mesma.
Claro que tive ajuda dos poucos que sabiam, meu marido e em especial uma amiga-irmã, que estavam lá, firme e fortes nas sessões de quimioterapia e muitas vezes chorando escondido, e depois minha família, meus chefes e amigos no trabalho.
Nunca saímos disso iguais, saímos em frangalhos e vamos nos reerguendo aos poucos e quando nos damos conta estamos ótimos e com a vida pela frente…
E o mais importante e que sirva de ALERTA, façam seus exames! Com o diagnóstico precoce você se salva e ainda conta sua história como eu.
Kelly Santos e Santos
Assessora Jurídica