Em Cascavel a Patrulha Maria da Penha emitiu relatório que aponta que, desde o início dos procedimentos de isolamento social no Paraná, os casos de violência doméstica familiar aumentaram em mais de 100%, quando comparados ao mesmo período do ano anterior: nos últimos 15 dias de março de 2019 foram 09 ocorrências do tipo, enquanto que, neste período de quarentena, 20 ocorrências foram registradas.
Cresceu também o número de prisões por descumprimento de medidas protetivas, como aponta a associada Andrea Simone Frias, Promotora de Justiça. A titular na comarca de Cascavel está trabalhando arduamente na defesa de vítimas da violência doméstica durante a quarentena, conscientizando a população desse problema e na busca de soluções.
No início de abril, em entrevista para o programa Boa Noite Paraná, da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), a Promotora Andrea Frias explicou que com a quarentena os agressores sabem que as mulheres estão em casa, protegendo a si próprias e suas famílias contra o Coronavírus, quando normalmente estariam trabalhando ou fazendo outras atividades regulares do seu dia a dia. Com essa certeza, eles se encaminham à residência das vítimas, ameaçando-as e agredindo-as, violando as medidas protetivas decretadas.
Andrea expôs que o criminoso pode disfarçar suas intenções, dizendo desejar visitar os filhos, mas logo começa o assédio, as exigências em tom agressivo. Esse é o exemplo de um caso levado à Promotoria, em que um homem foi à casa da ex-companheira, sob essa pretensão, apenas para passar a ameaçar a ela e seu atual namorado, inclusive voltando no dia seguinte para tentar incendiar o imóvel.
Mas a violação de medidas protetivas durante a pandemia recebe uma resposta incisiva da justiça: “Essa situação de exceção faz com que, nesses casos de violência doméstica, nós optemos pela prisão como único remédio para esse caso”, disse a Promotora em sua fala para o programa Viva Bem, da emissora Catve, no dia 16 de abril. Isso porque, se em outro cenário o indivíduo assinaria um termo em que expressava que não mais iria se aproximar da mulher, com a quarentena a probabilidade de o agressor retornar para casa é muito maior, exigindo assim o rigor do Ministério Público para a proteção da vítima.
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