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VIAGEM À ÍNDIA

Por Julia de Brito Pereira Fortuna
29 de setembro de 2023

Quando recebi o convite para falar da minha viagem à Índia aqui no site da APMP, logo pensei: “Como concentrar tanta informação em um texto só?” E com certeza seria mesmo impossível transpor tudo que eu vivi e experimentei lá em apenas algumas palavras, razão pela qual espero que esse “gostinho” do que foi a Índia, para mim, possa abrir o apetite de outras colegas para visitar esse país tão fascinante. 

Bom, eu já sonhava visitar a Índia há mais de 10 anos quando finalmente surgiu a oportunidade de me aventurar por aquelas bandas. A cultura, os costumes, a comida, as roupas e os conhecimentos oriundos da Yoga e Ayurveda (medicina tradicional indiana) já me chamavam a visitar a Índia há muito tempo. 

Nessa primeira “expedição”, resolvi conhecer o chamado Triângulo Dourado, que engloba Delhi (a capital), Agra (onde fica o famoso Taj Mahal) e Jaipur (capital do estado do Rajastão); além de visitar também Rishikesh (cidade considerada a capital da Yoga, próxima aos pés dos Himalayas e da nascente do rio Ganges) e Varanasi (cidade sagrada para os hindus, onde o rio Ganges, apesar de muito poluído, é utilizado para todo o tipo de higiene pessoal e rituais, como o que recebe os corpos que são cremados às suas margens). 

É claro que quando disse que iria para Índia, muitas pessoas ergueram as sobrancelhas e passaram a praguejar tudo de mais horrível que aconteceria comigo, desde pegar uma bactéria fatal na comida, até ser estuprada. Felizmente nada disso aconteceu, e eu considero a viagem à Índia segura, mesmo para uma mulher, desde que sejam tomados alguns cuidados. 

As estrangeiras em geral chamam muita atenção nas ruas (e os homens estrangeiros também), sendo comuns os pedidos de “selfie” por parte dos indianos e indianas, que às vezes juntam a família inteira em volta de você - e até jogam um bebê no seu colo - para tirar uma foto! 

Na imensa maioria das vezes as abordagens são inocentes e revelam apenas um encantamento conosco. Há alguns momentos, porém, em que a abordagem masculina pode ser inconveniente, mas, na minha experiência, bastou que eu fosse direta, mostrando que não queria ser incomodada, que a pessoa se afastava. Na maior parte da viagem fiquei com um pequeno grupo de brasileiros, e, nos momentos em que precisei ou quis ficar sozinha, andei por locais movimentados e durante o dia, e deu tudo certo. 

Num geral, me senti muito acolhida pelo povo indiano, que se orgulhava em mostrar sua cultura para nós. Eles foram tão hospitaleiros, que fomos convidado para um luxuoso casamento indiano, pelo simples fato de passarmos em frente à festa e tentarmos observar o que havia lá dentro! E sim, os casamentos indianos são em sua maioria arranjados, e entre pessoas de mesma casta. No casamento em que fui, os noivos se conheciam há apenas 15 dias, e a festa era digna de um carnaval carioca, com muita música, banda e confetes - mas sem álcool. 

Particularmente, gostei tanto de ir para Índia que já planejo voltar no ano que vem, dessa vez para explorar melhor o estado do Rajastão e aproveitar o Festival Holi: uma celebração centenária da chegada da primavera, em que as pessoas festejam com músicas, danças, e usam pós coloridos para pintarem umas às outras, numa festa em que as diferenças entre as classes sociais ficam temporariamente invisíveis. 

Recomendo a Índia para aqueles que querem se permitir olhar o mundo, as tradições e a religiosidade de outra forma, desafiar certas visões próprias, e experimentar inundar e anestesiar os seus sentidos, com tantas sensações diferentes. 

Decifrar a Índia é uma tarefa impossível. Há muitas coisas horríveis, muitas coisas maravilhosas e, nesse meio termo, muitas coisas para nos ensinar e inspirar. Um país contraditório que nos proporciona uma explosão de cores, sabores, cheiros, sons... Tudo é intenso! Não existe uma descrição que possa revelar o que se vive lá, é preciso ir e se entregar. 

Relato da associada Julia de Brito Pereira Fortuna.

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